segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cidade das Greves


Na Bahia, a palavra "greve" tem sido
pronunciada mais vezes que "oxe"

      Passeata e panelaço é coisa do passado, a moda agora é deixar o governo irritado. Os movimentos grevistas voltaram com força total e não sai da cabeça do menos afortunado. Foram os policiais, os agentes de saúde, os correios, os bombeiros e muitos outros. Nessa última semana foi a vez dos Rodoviários, para o absoluto deleite dos “trabalhadores” que pensavam em qual doença teriam amanhã, dos preguiçosos disfarçados de estudante e de alguns alunos de escola municipal e particular que estavam revoltados por não partilharem do mesmo privilégio concedido aos alunos das escolas públicas estaduais, que estão sem aulas a mais de 40 dias porque os professores também estão em greve. 
Pra que eu vou pra escola se posso
assistir vídeo-aula no YouTube?
      São em tempos como esse que podemos testemunhar o milagre de ver os jovens contando a hora pra assistir o telejornal (a não ser que esteja passando Rebeldes). Todos ligados nas notícias pra saber quando é que as “férias” iriam acabar.
      Estava todo mundo fazendo greve, menos São Pedro, que não me deixou sair de casa com aquela chuva toda. Além do aguaceiro, fazia um frio terrível, tirando de muita gente o incentivo necessário pra tomar banho que só aquela sensação da pele grudando nos dá. A temperatura estava tão baixa que dava pra sentir até o calor proporcionado pela claridade do monitor. 

      Tive tempo para escrever esse post para o Dizendo o que quer!, graças a falta de transporte público, que me impedia de cumprir com meus compromissos. De acordo com o diretor-social do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado da Bahia, o sindicato estava cumprindo a sua parte em relação a determinação da justiça que estabelece que 40% dos ônibus devem continuar rodando: “Nós liberamos a frota de ônibus determinada pela Justiça, mas não podemos obrigar os funcionários a sair se eles não querem” (Se tomássemos como realidade a hipótese de que nasci ontem, talvez eu acreditasse nisso).

Qualquer associação que possa ser feita considerando o
fato de que esta imagem está próxima ao trecho que trata
de apresentador fazendo escandalo, não passa de
uma grande coincidência.
      Estava marcada para Segunda-feira (hoje) uma nova rodada de negociação entre os trabalhadores e o SETPS (Sindicato dos Exploradores do Transporte Público de Salvador). Ou seja, iriamos ficar, pelo menos, mais uns 5 dias em casa sem sair, enrolados no lençol, ofendendo a mãe do prefeito e assistindo apresentadores de programas regionais vespertinos fazendo escândalo com imagem de ruas desertas e sem ônibus. Mas a reunião foi antecipada pra esse ultimo sábado e, ainda a tarde, os rodoviários voltaram as ruas e o serviço de transporte coletivo foi reestabelecido.
      Enfim, os rodoviários conquistaram o merecido aumento de 7,5% no salário e um aumento de 4,09% no ticket refeição... Foi como um soco na cara do empresário. O problema é que o empresário se esquivou e o soco pegou na cara do povo, que está correndo o risco de ter que pagar R$ 3,15 de tarifa pra ir trabalhar, graças a um pedido de “realinhamento tarifário” (Toda vez que eles querem f[...]com a vida do trabalhador, eles inventam um nome bonitinho) para a prefeitura de Salvador feito pelos donos de empresas de ônibus.
      De acordo com o próprio SETPS (aquele mesmo sindicato que criou o Salvador Card para que nós pagássemos a tarifa adiantada e ainda gastássemos mais transporte para carregar esse cartão abençoado) ao cumprir os reajustes favoráveis aos rodoviários determinados pelo Tribunal Regional do Trabalho, a mão-de-obra que custava 46,7% aumenta para 49,7% (um aumento de 3%), o que justificaria o aumento de R$ 2,50 para R$ 3,15. Estou eu aqui me perguntando: Se o custo para o empresário aumentou 3%, porque o custo para o povo aumenta 26%?
      Eu não estou aqui acusando alguém de roubo, muito menos de lesar a população. Com esses 13 meses de blog eu aprendi que não posso ser tão sincero. Mas, sem dúvidas, o povo vai sentir muita dor, principalmente no bolso.
Empreguetes de mentira que
são adoradas por empreguetes
que seguram a vassoura de verdade
      Não dá nem pra pedir ao jovem pobre que vote com consciência nas próximas eleições porque eles não estão tendo educação, já que os professores das escolas estaduais estão em greve. A cultura deles nesses últimos 45 dias se resume em querer tchu, em querer tcha, na sua humilde residência (literalmente), enquanto torcem pelas Empreguetes, sentem raiva da Carminha e aprendem a ser Rebeldes pelas causas erradas. E ainda tem gente dizendo que a voz do povo é a voz de Deus. Essa frase deve ter sido inventada por algum ateu. Deus é justo e o povo é cego, não tendo lucidez para fazer justiça. 
Tomara que esse tempo acabe logo!
      Também não dá pra pedir ao jovem de classe média que ele vote com consciência, pois também estão sem educação, já que os professores de escola particular também estão entrando em greve. Ao jovem rico é que não dá pra pedir mesmo porque eles garantem o voto para o político que, geralmente, faz parte da sua família ou do seu ciclo de amizades. E mesmo que não conhecesse sequer um político, porque ele mexeria no time que está ganhando? (Ganhando dinheiro pra ele, é claro!)
      Essa é a cidade que acabou de ser confirmada como uma das sedes da Copa das Confederações, a nossa São Salvador. Cidade da Copa. Cidade das greves.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Tutorial de relacionamento com sogras


     Um relacionamento amoroso depende de vários fatores pra dar certo. Eu fiz uma pesquisa com 40 pessoas de diferentes níveis econômicos e de 7 cidades de diferentes (a maioria de Salvador) sobre o assunto. Cheguei a três conclusões interessantes:

     1. As pessoas são tolerantes e agradáveis com os estranhos e maltratam os que mais amam. – Talvez porque, com os desconhecidos, as pessoas não se sintam a vontade pra dizer o que pensam.
     2. Aproximadamente 30% dos entrevistados afirmam ter um relacionamento estável e os outros 70%, que não estão tão contentes, confirmam a participação ativa das sogras em suas vidas. – Será  coincidência?
    3. Dentre os que representam aqueles 30% que dizem estar num relacionamento estável, 75% moram longe da sogra ou a coitada já bateu as botas.

      Os resultados tendem a demonstrar influência negativa da maioria das sogras na vida de um casal. Por isso, através dessa mesma pesquisa, resolvi buscar as soluções junto as pessoas que afirmam passar por este empasse. Avaliamos os problemas e, depois de muita discussão, chegamos a algumas possíveis soluções. As melhores serão colocadas abaixo.
Obs.: Durante a postagem, aparecerão algumas frases em negrito ditas pelos entrevistados que merecem destaque e demonstram como está a situação deles com suas sogras.

      Soluções para um bom relacionamento com sua sogra:

- O primeiro passo é conformar-se com o fato de que você vai ter a sogra no seu pé pro resto da vida, por mais desgraçada que essa possibilidade possa parecer. A situação pode piorar se você tiver uma boa namorada ou casar-se com uma boa esposa porque, de acordo com minha pesquisa, as melhores filhas trazem as piores sogras. É uma compensação natural. Isso porque as boas filhas são mais próximas da mãe e, pra desgrudar, é difícil.

“Mulher é a coisa que mais gosto no mundo. Eu só não tenho duas mulheres porque assim eu teria que ter duas sogras.”

- Se sua sogra te disser algo desagradável, tente mostrar pra ela que você não está ligando. Respire fundo, não mude o semblante e tenha jogo de cintura. Com o tempo ela vai acabar desistindo.
- De um determinado ponto de vista, a família tem um peso muito grande pra você cair na asneira de pedir para que seu companheiro (a) tenha que escolher entre você e sua sogra. Não significa que você seja menos importante, mas é que são relacionamentos totalmente diferentes.

“Eu só conheço uma sogra boa: a sogra da minha esposa.”

Dê a sua sogra um motivo pra sorrir:
Pague o plano ortodôntico dela!
- Mesmo que isso possa parecer mais doloroso que um chute no saco, faça visitas a sua sogra, para almoçar ou simplesmente vê-la. Você vai ganhar pontos com sua esposa e, sendo otimista, você pode ganhar até a simpatia da sogra, podendo assim evitar uma dose maior do veneno da cobra. Já que ela vai à sua casa de qualquer jeito, é bom estar habituado ao território inimigo.
- Quando é pra levar a sogra na rodoviária ou no aeroporto, todo genro fica feliz. Agora está na hora de leva-la para lugares que a agrade. Leve-a para almoçar num restaurante ou dê uns presentes (presente mesmo, nada de “Cavalo de Tróia”), todo mundo gosto de uns agrados.


“Eu levo minha sogra pra tudo quanto é canto, mas ela sempre volta.”

- Dessa dica muita gente vai gostar: Escute tudo que sua sogra disser sobre sua vida conjugal. Deixe-a falar até a saliva secar e o atrito com a língua queimar o céu da boca. Concorde com tudo. Depois ignore e faça tudo do seu jeito. Você está casado(a) ou namorando com o filho(a) dela e não com ela.



“Minha sogra fala tanto, que quando ela vai à praia volta com a língua bronzeada.”

- Preserve sua privacidade. A intimidade do casal também deve ser preservada ou você pode estar deixando sua sogra se meter demais na sua vida. Evite, de forma branda. Se Deus não deu asa à cobra, não será você quem vai dar.

Espero que essas dicas ajudem a você a se relacionar bem com a sua sogra, para que você não precise sempre vê-la como um castigo e mantenha a harmonia entre você e a família de seu marido ou esposa. Mas se você é daqueles que não faz muita questão de fazer amizade com a sogra, aprenda com esse garoto no vídeo abaixo. Ele mostra direitinho como é que se faz.



sábado, 12 de maio de 2012

Não precisa de garagem...


    Nos últimos anos percebe-se claramente um aumento no numero de brasileiros pertencentes a classe média e o aumento de seu poder aquisitivo (menos o meu). Apesar disso, a pobreza ainda assola o país. Mesmo assim, cidadãos menos favorecidos, com as grandes facilidades de hoje em dia, conseguem comprar um automóvel que, muitas vezes, estão bastante usados.
    O sujeito deixa de comprar roupa, deixa de comprar comida, deixa de ajeitar a casa, deixa de dar o dinheiro da merenda dos filhos, mas não deixa de pagar as parcelas e colocar gasolina no seu já velho e abatido possante. Eu chamo de possante porque, por onde ele passa, ele deixa uma possa de óleo.
    Outros desprovidos financeiros se arriscam a, com o pouco dinheiro que tem, comprar aquele famoso carro zero: Zero de potência, zero de velocidade, zero de tecnologias e zero de conforto. Pior mesmo é quando o cidadão compra o carro imaginando um trio elétrico. Muitos se preocupam em equipar a carroça com alto-falantes potentes antes mesmo de pensar em emplacar. Muitas vezes eles mal sabem o que é CRV, mas entendem como ninguém de RMS.
       Carros assim costumam dar muita dor de cabeça. É por isso que, um falecido tio de um amigo meu, que trabalhava numa concessionária, costumava dizer: “Carro ruim sai com um cavalo a mais de brinde da concessionária: O Dono!”.


Alguém conseguiu localizar a calçada nessa foto?
Percebam que os pedestres andam no asfalto.
      É muito bom saber que pobre também pode ter carro, mas tem um probleminha: A maioria deles, quando pegam no dinheiro, preferem um bom carro a uma boa casa e, por isso, boa parte delas não tem garagem. Sem opções, ele deixa o carro na rua mesmo, sobre a calçada, tomando o espaço do pedestre que já não é muito grande nos bairros humildes, onde o problema é mais intenso. Um exemplo disso está na foto ao lado que mostra a Rua do oriente, Alto do Peru, na Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. Observem a foto. Os leitores do Alto do Peru que me desculpem, mas isso é um estacionamento disfarçado de bairro! Essa situação se estende pela rua quase toda. 
   Dificilmente o pedestre consegue andar pela calçada, arriscando-se no asfalto, podendo ser atingido por um carro, um ônibus ou jogado pra longe se atropelado por um daqueles motociclistas que passam voando, fazendo barulho e empinando a moto, muito comum em bairros humildes (Falando em motociclistas loucos, eu fico me perguntando o que se passa na cabeça desses caras. Acho que eu ainda não tenha achado resposta porque, talvez, não passe nada pela cabeça deles. Acho que eles pensem “A galera pira quando empino a moto”. Na verdade, o que eu vejo o pessoal comentar são coisas como “Tomara que essa moto vire pra ele se f[...] todo!”). 

Zona de Estacionamento
Entrada do Alto do Peru,
um dos gargalos da Fazenda Grande
   Além disso, esses carros estacionados estreitam o espaço na pista, que já é curto. Ao invés de dois, passa apenas um carro de cada vez, fazendo os automóveis que estão transitando no sentido contrário esperarem, criando engarrafamentos.
  Estacionar na calçada é uma falta considerada grave. É punida com 5 pontos na carteira e uma multa de R$ 127,69. Pode ser que tenha acontecido com alguém, mas eu não vi ninguém ser multado por isso. 

O que pode ser feito para melhorar?



     - Exigir do motorista, na compra do carro, um comprovante de que ele tem um local adequado para estacionar o carro;
      - Incentivos do estado para a criação de estacionamentos;
   - Aumentar os impostos sobre os automóveis para isso acarretar no reajuste do preço, impedindo que o pobre possa comprar carro (Dessa solução, o comentarista Luiz Carlos Prestes iria amar. Quem não lembra dele, assiste o vídeo e escuta com muita atenção o que ele fala);

Av. Sete de Setembro, Centro de Salvador.
É tanto carro que nem dá pra ver as calçadas.



      Algumas dessas soluções pareceram viáveis? Claro que não! Seria incoerente multar as pessoas que estacionam na calçada por falta de opção já que Salvador não foi uma cidade planejada. A maioria dos bairros foi crescendo desordenadamente ou formada pelas conhecidas “invasões”. Ainda tomando como exemplo o Alto do Peru, tem pontos do bairro em que a calçada praticamente não existe, pois construíram casas em cima. Não podemos punir os soteropolitanos pela falta de estrutura e planejamento de Salvador. Então, o que deve ser feito para solucionar o problema?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pé na Bola ou pé no chão


PÉ NA BOLA OU PÉ NO CHÃO



Tenho 12 anos de idade
Tô curtindo minha puberdade
Meus pais vivem a me chatear
Não entendem minha realidade

Ficam me mandando estudar
Como se tivesse necessidade
Se eu vou ser jogador de futebol
Pra que eu quero escolaridade?

Tenho 15 anos de idade
Vou fazer teste pra atacante
Tô atrasado na escola
Mas serei um bom centroavante

Mostrei um futebol maneiro
Rendi até como zagueiro
Joguei bem o tempo inteiro
Mas para o maldito olheiro
Eu não dou nem pra goleiro

Vou continuar tentando
Não vou parar de jogar
Aulas estarei faltando
Mas eu vou me dedicar

Aos 18 anos te falo
Tenho minha emancipação
Com os pés cheios de calo
Sem nenhuma profissão

Encontrei quem procurava
Me apaixonei pela May
Quando eu menos esperava
Descobri que vou ser pai

Só tenho 25 anos
E já não tenho sossego
Com família pra sustentar
Eu continuo sem emprego

Talvez eu aprenda uma profissão
Caso eu volte a estudar
Aumentaria minha condição
De fazer a vida melhorar

Hoje eu tenho 30 anos
Tempo para estudar
Agora não tenho mais
Estou me matando de trabalhar
Porque não escutei meus pais?

Meu filho tem 12 anos de idade
Está curtindo sua puberdade
Acha que eu vivo a lhe chatear
E que não entendo sua realidade

Fico o mandando estudar
Mas ele não sente necessidade
Porque quer ser jogador de futebol
E não precisa de escolaridade


Diego Damasceno

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